O estresse ocupacional refere-se aos estímulos do ambiente de trabalho que exigem respostas adaptativas por parte do trabalhador e que excedem sua habilidade de enfrentamento (coping ); estes estímulos são chamados de estressores organizacionais. A caracterização de um fenômeno de estresse depende da percepção do indivíduo em avaliar os eventos como estressores, portanto o cognitivo tem papel importante no processo que ocorre entre os estímulos potencialmente estressores e as respostas do indivíduo a eles, sendo capaz de perceber e avaliar demandas do trabalho como estressoras que excedendo a sua habilidade de enfrentamento causam no sujeito reações negativas a nível psicológico, fisiológico e comportamental. Um trabalhador que relata a existência de excesso de trabalho pode não considerá-lo como prejudicial, mas como positivo e estimulante, devido características situacionais e pessoais que interferem no julgamento do indivíduo. 

     O estresse, segundo Seeger & Van Elderen (1996, p. 212-213), é resultante da percepção entre a discordância das exigências da tarefa e os recursos pessoais para cumprir as referidas exigências. Uma pessoa pode sentir esta discordância como desafio e, em consequência, reagir dedicando-se à tarefa; por outro lado, se a discordância for percebida como ameaçadora, então o trabalhador estará exposto a uma situação estressante negativa, que pode conduzi-lo a evitar a tarefa. Os elementos percebidos na situação de trabalho podem agir como estressores e podem conduzir a reações de tensão e estresse, precipitados pela ambiguidade e conflito de funções, incerteza a respeito do futuro no trabalho e outros, em que o sujeito perceba a potencialidade de confronto como insuficiente, então poderão produzir reações de estresse psicológico, físico e de conduta e, desta maneira conduzir eventualmente à doenças e ao absenteísmo. O Stress pode ter consequências organizacionais e pessoais, e estas revelam-se tanto ao nível intelectual como nas relações  sociais e no respectivo comportamento organizacional, provocando desta forma elevadíssimos e avultados custos para as próprias organizações. Os custos, numa óptica quantitativa, vão desde quebras de ritmos de produção, causados pelo desgaste da capacidade produtiva dos colaboradores, custos relacionados com a saúde e medicina ocupacional, para a reparação e reabilitação dos recursos humanos e seguros gastos com a formação para a reposição e integração de novos colaboradores, greves e absentismo. Neste último caso, “o stress ocupacional é responsável por cerca de 25% da taxa de absentismo Reconhecendo o elevado impacto negativo do stress nos indivíduos e também nas organizações, não tem havido um correspondente esforço por parte dos administradores no sentido de procurar perceber e reduzir as causas do stress que induzem tais efeitos 

2. DEFINIÇÃO DE STRESS
“STRESS” é um dos termos mais utilizados, tanto pela comunidade científica como pelo público em geral mas, no entanto, continua a não existir um significado comum unanimemente aceite. Este termo provém do verbo latim  stringo, stringere, strinxi, strictum que tem como significado apertar, comprimir, restringir. A expressão existe na língua inglesa desde o século XIV sendo utilizada, durante bastante tempo, para exprimir uma pressão ou uma contração de natureza física. Apenas no século XIX o conceito se alargou para passar a significar também as pressões que incidem sobre um órgão corporal ou sobre a mente humana. 

2.1 O Stress como resposta

As definições de stress como resposta  têm as suas origens na medicina, sendo geralmente consideradas numa perspectiva fisiológica. O stress é a resposta não específica do organismo a qualquer estímulo ou exigência externa sobre ele. A reação do organismo pode decorrer em três fases:
• A reação de alarme, que é a resposta aos estímulos para os quais o organismo não está adaptado, ocorre quando a  fase inicial de «choque», de menor resistência, é seguida pela de «contra-choque» ou de mobilização dos mecanismo de defesa da conhecida resposta «ataque ou fuga».

• A segunda fase é o estádio de resistência, onde o organismo procura restaurar o equilíbrio, habituando-se ao agente indutor de stress (resposta de adaptação) e substituindo a reação de alarme.

• A resistência não dura indefinidamente, principalmente se a reação de alarme é muito intensa ou frequente ao longo dum extenso período de tempo. A energia necessária à resistência esgota-se e ocorre o estádio de exaustão. 
Atenção que nem sempre as reações de stress são negativas, sendo mesmo necessário um certo nível de stress para a motivação, o crescimento  e o desenvolvimento individual. Existe portanto, a distinção entre o  distress (ou stress desagradável) e o eustress (que é agradável e curativo). [5] 

2.2 O Stress como estímulo

Nesta perspectiva, cujas raízes se prendem à física, o stress é definido como uma força exercida sobre o indivíduo, que resulta numa reação do organismo, que tem apenas um certo nível de tolerância, para além do qual poderão ocorrer certos danos, temporários ou permanentes. [5] 

2.3 O Stress como interação

As abordagens interacionais tiveram por objectivo o estudo de interações entre estímulos e respostas, bem como de variáveis moderadoras das relações stressor-strain

2.4 O Stress como transação

O conceito transacional de stress diz que a pessoa age e reage às trocas com o ambiente, numa causalidade circular, e  em que a interpretação do significado de determinada relação com o ambiente e as estratégias para lidar com as exigências contidas nessa mesma relação captam a essência da percepção de stress. O stress não está, portanto, nem na pessoa nem na situação, mas antes na interação entre as duas.

3. MODELOS TEÓRICOS DE STRESS OCUPACIONAL

3.1 Conceito de Stress Ocupacional Alguns autores definem stress ocupacional  como um conjunto de perturbações psicológicas ou sofrimento psíquico associado às experiências de trabalho. Em 1993, Cooper definiu o stress ocupacional como “um problema de natureza perceptiva, resultante da incapacidade de lidar com as fontes de pressão no trabalho, tendo como consequências problemas na saúde física, mental e na satisfação no trabalho, afetando o indivíduo e as organizações”.
De acordo com Guimarães (2000), o stress ocupacional ocorre quando há a percepção, por parte do trabalhador, da sua incapacidade para realizar as tarefas solicitadas, o que provoca sofrimento, mal-estar e um sentimento de incapacidade para enfrentá-las. 

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